"Apocalypto"
Acção/Aventuras
EUA, 2006
Realização: Mel Gibson
Actores: Rudy Youngblood, Dalia Hernández, Jonathan Brewer, Morris Birdyellowhead, Carlos Emilio Báez
Cor
132 minutosCom o declínio da civilização Maia, não só pela doença ou as poucas colheitas, a solução passa pelas oferendas aos seus deuses de sacrifícios humanos para que se mantenha a prosperidade. Jaguar Paw é um bravo caçador de uma pequena e pacífica tribo que é atacada com o propósito de obter escravos e homens para sacrificar. No entanto, talvez até por um qualquer desígnio dos deuses, Jaguar Paw consegue escapar de uma morte horrorosa. Foge dos seus perseguidores com tal desespero que a sua esperança é regressar para junto da sua mulher grávida e filho, presos num poço, para se esconderem do ataque. Uma jornada de sobrevivência, fé e amor...
Trailer
A minha classificação: 8/10
12 comentários:
Eu também gostei bastante deste Apocalypto, Gibson parece cada vez mais alucinado como realizador. O que virá a seguir deste senhor?
O filme é cru e violento. Uma história bem filmada que, realmente, não é para todos os estômagos.
Abraço.
Semler surpreende. Diria mesmo que este é, na sua longa carreira cinematográfica, o seu melhor trabalho. Pelo menos, será o que lhe abrirá as portas do reconhecimento no seio da alta indústria hollywoodiana. Já trabalhara antes com alguns realizadores de renome, mas a parceria com Gibson parece ser um marco incontornável na carreira do cinematógrafo; a fotografia de Apocalypto distingue-se claramente como uma das melhores concebidas do ano, no seio dos estúdios americanos. Fotografar apenas paisagens magníficas (que o filme tem, e que falam por si, quase como que numa tentativa de comunicação da natureza) seria relativamente fácil… Porém, a selva e tudo mais interagem com a recriação mítica de uma cultura raramente retratada pela sétima arte; o jogo de cores - ostentado pelos tão mínimos quanto extravagantes guarda-roupa e caracterização e pela natura de todo aquele mundo vivo – confundem o realismo que se pretende (ou não fosse essa uma das características e/ou objectivos da lente de Mel Gibson) com uma realidade sonhada muito característica do horizonte fílmico actual. Tem sido esta a linha de muito do chamado “cinema de recriação”; Apocalypto consegue-a magistralmente. Dean Semler revela-se, então, ao nível dos anteriores técnicos de Gibson, que o haviam feito inovadora e inspiradamente em Braveheart – O Desafio do Guerreiro e em A Paixão de Cristo; aliás, é de salientar que tanto John Toll como Caleb Deschanel (respectivos directores de fotografia destes dois filmes) foram nomeados para os Óscares nestas parcerias com Mel Gibson – o que não significa óbvia e necessariamente a nomeação de Semler, mas que para os menos cépticos poderá constituir um bom presságio.
James Horner não inova. A banda sonora de Apocalypto soa-nos a tantas outras do compositor. A inovação também não terá de ser objectivo, é claro, embora o pareça cada vez mais nesta sociedade a que podemos chamar pela força da expressão “neo-moderna”. Mantém-se, digamos, em seu alto nível; Horner é dos melhores compositores do cinema americano, prova-o uma vez mais, apesar de tudo, neste épico belo. E “belo” é um adjectivo que se adequa talvez melhor do que qualquer outro, se quisermos numa palavra qualificar o inqualificável. A “beleza” é, certamente, o valor cantado ao longo de todo o filme. O belo da imagem, da música e do som, do vestuário e dos acessórios, da caracterização… mas também o belo do ser humano, os valores que basicamente fazem de nós o que somos, pertençamos a que tempo for, a que terra for. Apesar de todos os contratempos na produção do filme, todos os departamentos se parecem ter coadunado do melhor modo, eu diria mesmo harmonizado, para a melhor transmissão possível do belo.
A violência já seria de esperar num filme de Mel Gibson. Todavia, quando se quer mostrar de forma crua um mundo cru, não haverá, a este respeito, muitos caminhos a seguir. A violência de Apocalypto não parece querer constituir o tópico central do filme; muito pelo contrário. Para quem este tópico – o da violência em Gibson - é muito discutível, no que respeita à técnica do realizador, poder-se-á mesmo dizer que até se encontra doseada de um certo equilíbrio – pelo menos tendo em conta a realização anterior. N’A Paixão de Cristo, as intenções que se converteriam em intencionalidades pareceram seguir outro caminho.
Numa altura em que o cinema, tal como toda a sociedade, se preocupa com a evolução do material (esta viagem aos confins da América maia chega mesmo a anteceder esse materialismo, simbolizado pelas embarcações ancoradas na praia e que acabará por exterminar as grandes culturas civilizacionais) Apocalypto recorda-nos os filmes de outros tempos, repletos de romantismo (romantismo que este também alcança, mas que não cai nos excessos do costume), exemplos máximos na transmissão dos ideais culturais e sociais do ser humano… filmes que ainda retratam uma inocência quase perdida num mundo de adultos perdidos… por vezes só mesmo louvada pelas crianças que os esquecerão… ou não...
Roberto F. A. Simões
cineroad.blogspot.com
Em termos de argumento o filme é fraco, mas adorei a realização e a fotografia. As imagens são esplêndidas!
Gostei muito, uma fita surpreendente que vem mais uma vez provar o talento de Gibson atrás das câmaras:)
Beijinho
Roberto: excelente crónica.
Raquel: a perseguição (que ocupa boa parte do filme...) é um motivo que se adapta a qualquer século. Basta atentar aos western's ou aos policiais. Ainda assim há outros focos como uma série de sentimentos que se mostram na tribo atacada.
Anita: mais que tudo, Gibson filmou com uma intensidade impressionante. É aí que está a diferença para outros filmes do género. Para além de pegar num 'território' muito pouco explorado pelos cineastas.
Tenham um óptimo dia!!!!!
Achei um excelente filme, e gosto muito do Gibson botar as linguas originais no filme... Deve dar um trabalho, rs...
Não deve ser nada fácil. Espero é que não nos estejam a mandar para um 'qualquer sítio'... :)
Abraço.
Este é um filme realmente fenomenal, Mel Gibson bateu tudo com este Apocalypto... perfeito.
Juntemos também o contraponto entre actor e realizador. Tem sido curioso verificar o alargar de horizontes de Gibson realizador. Sem medo de arriscar ao pegar em temas que podem causar controvérsia. Gibson realizador não pertence ao sistema, algo que como actor parecia acontecer.
Beijinhos para as duas.
tenho esse filme em casa e sempre adio assisti-lo...
Não há que ter 'medo', Lucas. É um filme forte de emoções.
Abraço.
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